Como eu cheguei até aqui



A primeira coisa que eu preciso dizer é que amo escrever. Meus posts dificilmente serão pequenos. Se não gosta de ler, melhor sair enquanto é tempo. Se gosta, pega a sua xícara de café e chega mais perto, pra acompanhar a minha história que começo a registrar a partir de hoje, e sentir, através dos meus desabafos, toda a minha ansiedade, angústia, tristeza e felicidade. Se você conhece ao menos um pouquinho do programa Au Pair, sabe que vivemos em uma montanha russa de sentimentos. Então seja bem-vindo (a) à minha realidade auperiana!

Acho que foi com 18 anos (tenho 20 agora!) que eu comecei a entrar em contato com o mundo do intercâmbio. Nos meus 6 meses parada – pós ensino médio e pré faculdade – sem saber o que fazer da vida, tive bastante tempo pra fazer o que eu gostava, e isso inclui ficar de bobeira na internet, é claro. Conheci alguns blogs e vlogs de intercâmbio e acompanhei do início ao fim a saga de algumas meninas que foram para outros países em busca de um sonho.  Um pouco antes uma amiga havia ido morar fora, fazer high school e depois college, e eu sempre me perguntando como ela teve coragem de largar tudo aqui e ir sozinha pra um país desconhecido, com pessoas desconhecidas... Até então eu jamais havia me imaginado longe da minha zona de conforto. Longe do meu quarto, do meu cantinho, do meu chá de marcela depois da comilança...

Foi depois de acompanhar todas essas histórias que a vontade de intercâmbio foi crescendo cada vez mais. Eu comecei a procurar todos os tipos, pra todos os lugares, pra todos os bolsos. Mas nenhum se encaixava no meu. R$ 25.000,00 por um intercâmbio de 6 meses? Fora o dinheiro que meus pais precisariam me mandar todo o mês? No way...

Aí surgiu o Santander Universidades. Eu fiquei super empolgada, fui pesquisar sobre e a minha Universidade não fazia parte do programa. Shit. Aí surgiu o Ciências sem Fronteiras. Mas adivinhem? O meu curso não estava incluso... Eu via todas as minhas chances escapando pelos meus dedos sem poder fazer nada (dramáática – sim, sou muito).

Mas eu precisava dessa experiência. Se antes eu não me imaginava, agora eu sentia necessidade de sair da minha zona de conforto. Eu queria ter essa experiência, eu queria conhecer gente nova, entrar em contato com uma cultura diferente, falar outro idioma... Eu vi logo de cara que o au pair era o mais barato, mas eu namorava desde os 15, não tinha CNH, muito menos experiência com crianças. E apesar de gostar de criança, nunca fui muito pacienciosa com criança mal criada. Esse foi descartado. Me interessei pelo TRUE USA: trabalho nas férias da faculdade com 1 mês de viagem pelos EUA. E mais tarde iria trabalhar em cruzeiro. Estava quase decidido. Contatei agências, pesquisei valores, só faltava juntar o dinheiro.

Desde meu primeiro mês de carteira assinada parte do meu salário eu guardava pra um intercâmbio, mesmo que ainda não tivesse certeza de qual faria. Uma pós no exterior depois da faculdade, quem sabe. Mas final do ano passado, mais precisamente em novembro, descubro que tenho doença celíaca. Celí o quê? É, celíaca. Alergia ao glúten. Ou seja, minha vida virou de pernas pro ar. Todos os nossos hábitos diários (meus e da minha família) precisaram ser modificados, toda a minha alimentação precisou ser modificada. Gastos com diversos médicos (que ainda não acabaram), ansiedade, insônia, remédios controlados. E o pior: adeus intercâmbio para trabalhar em fast food. Adeus trabalho em cruzeiro. O motivo? Cozinhas, microondas, utensílios compartilhados. Contaminação cruzada, glúten por toda a parte. É, eu vi meu sonho escorrendo por água abaixo e isso acabou comigo.

Mas foi desabafando num grupo sobre doença celíaca que conheci duas meninas jovens (também celíacas) como eu que tiveram experiências de intercâmbio bem sucedidas. Uma foi pra Finlândia, onde todo mundo sabia sobre a doença e outra foi para Buenos Aires e morou em casa de família, podendo ter as coisas dela separadas... Foi aí que comecei a cogitar o au pair novamente e passei dias lendo dezenas de blogs. Descobri que um frigobar é baratinho nos EUA, assim como um microondas. E ainda conheci uma au pair celíaca, que me deu várias dicas sobre tudo. E o sonho foi crescendo novamente. Em janeiro mesmo decidi que era o au pair que me ajudaria a tornar esse sonho realidade.

Só faltava preencher os requisitos. Tirar a CNH que eu ainda não tenho, porque o au pair é o único tipo de intercâmbio que exige CNH, então caso eu fizesse outro, o valor investido na CNH faria muita falta, melhorar o inglês e o principal: correr atrás de experiência com crianças. O namorado eu ainda tenho e ele aceitou e me apoia, pois me ama e sabe o quanto esse intercâmbio é importante pra mim. Mas falarei mais sobre isso em outro post, porque esse aqui já ficou grande demais. Assim vocês não vão mais querer voltar, né? Haha 

See you soon :)

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver." - Amyr Klink
 
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